30.9.08

Marcas

As bocas se consumindo desesperadamente. Experimentam-se. As línguas se rendem, se exploram, se provam. O gosto. A saliva. Uma fusão. Ignorar os barulhos externos. Uma pausa. Culpa? Não. A distância não precisa mais intervir. A falta não precisa ganhar mais espaço. As confissões entre quatro paredes. Todas as coisas que quero te falar... eu não consigo. Desde quando estabelecer regras? Toda perda é considerável, por mínima que seja. E não quero te deixar partir. E então ocorrem as mudanças. Um pequeno desvio, e tudo que planejou se modifica. Estou deslocada. A carga que se traz em si. Um sorriso entre os lábios. Não precisar dizer nada. Fúria. Paixão. A pessoa errada para todas as coisas certas. Um algo. Imprevisível. Uma porta que eu não gostaria de ver se abrir. Todos os erros. Tem dias em que você quer ser outra pessoa. Não deseja ser você. As adaptações a serem consideradas. Se sentir cansado, de saco cheio. Reprovação. Quando não quer trocas, nem objeções. Pra que todas essas coisas espalhadas?E eu estou aqui. No meio dessa confusão. Bem aqui, esperando. Suportando. O atrito das partículas. A química que afeta, degrada, maltrata. Fraguimentos. Suspenso no ar, tentações. Vontade. Possibilidades. Caos exaltado nos poros. A carne, tão vulnerável. A maquiagem que camufla o todo, os olhos, o pecado. Integridade. O encontro das mãos: tocam, possuem, deslizam por cada centímetro do ser. A face embevecida. O dia amanhece. Liberdade. Alívio. Ansiedade. Eu não me encontro mais em mim. Falta oxigênio. Me misturo as cores, as dores, ao drama. Eu quero respirar. Eu quero GRITAR. Me sinto pequena, impotente, imprudente. É apenas uma simples escolha. Impulsos contidos. O desejo marcado na pele. Então deixo você ir [...].

9.9.08

"E você aprende com cada adeus"

Desculpas não me cabem mais. Elas não me convêm. Uma frase pré-formulada. “Desculpa, você não merece isso”. Eu não te queria apenas como amigo, um namorado. E sim muito mais que isso – cúmplice, amante, uma extensão. Então você me abraça, tenta confortar minha dor com carinho. Mas esse esforço falido não será o suficiente. Seu abraço que, antes, tinha como um porto seguro, que me tranquilizava. E, agora, nesse momento não pode acalmar essa tormenta em mim.
É como querer dar o próximo passo tão firme e determinado, tão seguro de si, e simplesmente afundar no vazio. Falar não vai fazer sentir na pele. Se eu te pedir me tocar, você vai entender? Toque! Repouse a mão sobre meu peito. Me toque. Sinta! Não desvie teus olhos dos meus. Me olha! Lágrimas escorrendo, você continua em silêncio. Silêncio. Talvez seja melhor assim. Tudo bem, as palavras também me faltam.