20.6.08

Para Tracy

Destrua minhas coisas, rasgue minhas roupas, jogue meus cds pela janela.
Não vou acatar teu drama, continuarei em silêncio, como os quadros na parede da sala.
Cuspa em minha face, vá até a porta, ameace ir embora.
Você está usando o terno que te dei, todo amarrotado, quer que eu o passe?
Como sempre reclama do meu All Star desamarrado, vejo tuas malas prontas, mas teus livros continuam na estante.
No jornal, críticas daquele filme em cartaz, lembro que a trilha sonóra te fez chorar.
E se não quiser partir, fica aqui do meu lado, escutarei sem perguntar o por quê.

5.6.08

Um pouco de Anfetamina

Ser, representar, agir: como fantoches. Não poder demonstrar sentimentos, sejamos então robôs! É assim que as pessoas interagem ultimamente...
Querer quando não se pode mais. E nos deparar no reflexo dum outrem. Por que procurar por um espelho? Aparências? Não precisamos disto. Tudo em demaseio. Monotonia. Necessidade de ter, de troca, de pertencer. O exagero. A falta.
A pilha de livros num canto. Espaços vazios. Desejar água-furtada. Silêncio. E não adianta trocar os móveis de lugar. Desde quando trocar a liberdade por um sorriso? Até para ser feliz, tem que usar máscara.

1.6.08

Frágil

Fiquei em carne viva, nem a dor importava mais, e eu sempre achei que iria te encontrar na próxima esquina. Desejo compulsivo, sem explicação. Lembranças ocupam o momento, me tomam de tal forma. Outro cigarro. Ao meu redor passando tudo despercebido - vozes, semáforos, ruas, assovios, cartazes, vidas. Para quê? [...]

Hemorragia interna, mais um trago. Tua voz corroendo os pensamentos, "fica para próxima vez". Quando é a próxima vez!? Mesmo com as placas indicando o caminho, me perco. Algo dentro de mim queria (e quer) gritar, explodir, chorar. Um sorriso. E tudo fica assim: parágrafo, uns dias mais, ponto e vírgula, outro St. Remy, espaço, pular uma linha, abstinência, fim? Não! Eu quero entender, saber por quê. Não me acalme, eu paguei caro. Meus desejos não vieram com aviso prévio. E eu te quero!


Me mostra os defeitos, as obsessões, os acertos, as decepções. Os espaços vazios, a fim de quê? Entre em contato. Por favor não me traga daquele blablablá - cansei - mais do mesmo. Cospe na minha cara. Vai! Você consegue. Não me deixe sem as palavras. Chega desse longa metragem desnecessário. Se exponha! Me põe contra a parede.


Você nem se quer imagina os anseios, meu desespero. A ausência. Eu tão forte, tão egoísta, tão rude, tão irredutível, tão frágil. Gostaria que me chamesse e fizesse meu estômago sentir o frio outra vez. O que sentimos não supre mais a falta. Compreensão. Talvez não se importe mais, talvez fosse inevitável. Me toque, me consome, me despreze (será que ainda existe tempo?). Existe? Me diz de você. Eu quero ser tua pele, do avesso! Me faz sentir tua dor. Que seja agora! Absolutamente, não será facil esperar.