25.11.09

Cuidado, Frágil!

Deixe Aqui Suas Decepções - essas palavras manchavam de branco o muro, em contraste com o fundo preto.
Deixe aqui suas decepções, bem visível.
Num gesto involuntário leva a mão ao peito. Como se quisesse rasgá-lo. Num ato quase desesperado, foi isso que desejou. Arrancar de si todas as desilusões, insatisfações, declarações, o acumulo de "ões".
As dores anônimas, os dramas explícitos, por vezes tão banais. Os dedos se contraíram, um dos botões da camisa se abriu. O peito nu manchado de cansaço, de fúria, de solidão, de ânsia, de sentimentos.
O acumulo, era isso.
Já não havia mais lugar para encaixar os sorrisos. Nem prazeres, música, livros, amor. Já não havia lugar. O anúncio a sua frente (ou seria um pedido?) lhe tentava. Sentia aquela urgência, não do corpo, não dos batimentos desajustados do coração - mas da alma. Inevitávelmente,
como uma necessidade,
um grito lhe rasgou a garganta. Cortando os pulmões, até ficar sem fôlego. Transverso entre lágrimas e um céu avermelhado.
Um grito.
Suspirou.
Visto de fora era enigmático, mas por dentro... um alívio.

Um comentário:

D u d e disse...

Pois o nosso maior amigo ou inimigo está dentro de nós mesmos...